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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Deixe-o voar.


           Conta-se que havia um criador de pássaros cantores. Ele tinha um viveiro enorme, bem ventilado e ensolarado, com sombras suficientes, enfim, bem amplo e cuidado. O ambiente propício para que seus passarinhos, dos mais diversos tipos, tamanhos e cores, desenvolvessem o canto.
          Alguns destes passarinhos eram detentores de prêmios e troféus.
          Um dia, nasceu um passarinho, que, como todos os outros, foi crescendo aprendendo junto com os outros a cantar.
          Aos poucos foi desenvolvendo e melhorando o seu canto. Foi ficando cada vez mais bonito e forte.
          O criador começou a desenvolver um carinho e admiração especiais por ele.
          O passarinho prodígio ganhava mais e mais concursos, mais e mais prêmios.
          Parecia que a sua capacidade de melhorar nunca atingia o limite.
          Então, uma coisa estranha começou a acontecer, quando o passarinho especial começava a cantar, o fazia com tanta intensidade, tanta força e beleza, que todos os outros passarinhos do viveiro se calavam.
          Como a vida de um passarinho é cantar, os que não conseguiam espaço, ficavam amuados e deprimidos. Alguns adoeceram e morreram. Teve um que roía a tela, na tentativa de fugir.
          Isto não era bom. Os outros passarinhos do viveiro também eram importantes para o criador. Tinham seu valor. Durante muito tempo garantiram o lugar de destaque do viveiro nas competições.
          O passarinho destaque continuava a ganhar prêmios e mais prêmios, mas é ruim depender de um único indivíduo. E se algo acontecesse com ele?
          O criador começou a ficar preocupado, algo precisava ser feito, mas o que ?
          Um dia, após uma noite insone, o criador levantou mais cedo e ficou por horas observando o viveiro.           Observar antes de agir é muito bom.
          De repente ele entendeu o que estava acontecendo, o passarinho não cabia mais no viveiro, seu talento já extrapolava os limites das telas.
          E pior, sem querer, ele desestabilizava toda a comunidade.
          O criador então, num gesto de desapego e compreensão, dirigiu-se até o viveiro, abriu a porta e, com cuidado, tomou o passarinho em suas mãos.
          Mesmo sabendo que não seria entendido, falou-lhe de sua estima, e prometeu que ali sempre seria sua casa, que nunca lhe faltaria uma porção de alpiste.
          Abriu as mãos e o soltou.
          O passarinho fez um voo curto, um tanto perdido com tamanho espaço, e pousou próximo. Exitou por alguns minutos, e voou para o bosque. O criador suspirou, sem saber se fizera a coisa certa, mas como já estava feito, voltou aos seus que fazeres.
          Ao final do dia, como prometera, encheu uma caixinha com alpiste, e pendurou do lado de fora do viveiro.
          No dia seguinte, cedo, ao abrir a porta, viu o recém liberto comendo na caixinha. Quando se satisfez cantou um pouco, como que agradecendo, e voltou para o bosque.
          Passados dois ou três dias, um por um os outros passarinhos do viveiro começaram a cantar novamente, e ao final de duas semanas, o equilíbrio já havia retornado.
          Do bosque se ouvia, mesmo ao longe, o canto do passarinho especial, e uma coisa nova acontecia. Por influencia dele, os outros passarinhos do bosque melhoraram o canto. Foi quando o criador sentiu que havia feito a coisa certa.

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          Se você é líder, talvez já tenha passado por uma situação semelhante (ou está passando). Um membro da equipe cresce tanto que já não cabe mais na equipe, e começa a desestabilizar o grupo.
          Abra a porta da gaiola e deixe-o voar. Ajude-o a encontrar um lugar em outra equipe ou projeto onde ele será mais útil, onde ele possa crescer e influenciar os outros a crescer também.
          E não esqueça de deixar uma caixinha de alpiste. Ele pode precisar voltar de vez em quando.



Um Abraço Fraterno,

Antonio Canhedo