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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O embate ciência e religião


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         “A Ciência e a Religião, perderam, uma e outra, o seu dom
supremo – que é a educação da consciência humana. Está perdida a arte de formar-se e criar-se almas e ela só será redescoberta quando a
Ciência e a Religião, repensadas e refundidas em uma única força viva, convergirem para a sublime tarefa de magnificar a Humanidade”.

Édouard Schuré

 
           A ciência e a religião são duas doutrinas que se ocupam da mesma fonte, que são as leis naturais.
          O universo, ao que tudo indica, é eterno, ou seja, nunca teve um começo, e nunca terá um fim,atributo, aliás, de seu Criador. Interessante também o título de Criador, mas é como a espiritualidade maior se refere a Deus, e parece, a princípio, contrassenso chamar de criação algo que sempre existiu, mas devemos lembrar que o universo está em constante movimento, com mundos nascendo e morrendo.
          Nem precisaríamos pensar tão macro. Se ficarmos só na observação do nosso planeta, veremos que nem os continentes estão livres de nascer, ter uma história e morrer, e um novo tomar seu lugar. Isto é a constante criação.
          A mente humana está longe de ter capacidade para compreender o eterno. Só de tentar imaginar o espaço sem dimensões dá vertigem. A gente se limita a aceitar.
          Teorias, fantásticas ou simplistas são elaboradas, como a do Big Bang, mas nenhuma delas foi suficiente para fechar a questão.
          É bom que seja assim, que se continue tentando, porque é da nossa natureza não se contentar com a falta de respostas, e no caminho para tentar entender, muitas outras perguntas vão sendo respondidas.
          Mas pelo menos podemos afirmar que quando o nosso mundo foi criado, o universo já existia, assim como suas leis.
          E foi com essa matéria-prima, sob a regência destas leis, que tudo o que está a nossa volta foi feito e existe.
          O que são então a ciência e a religião, se não doutrinas que estudam estas leis naturais e esta matéria-prima?

          A humanidade, no seu surgimento, atendendo aos instintos de preservação e mútua proteção, começou a se agrupar em bandos, onde aparece a hierarquia, dos mais velhos sobre os mais novos, e dos mais fortes sobre os mais fracos, onde um protegia e o outro obedecia, aguardando a sua vez de proteger e ser obedecido.
          Surgiu então a figura do Sábio, geralmente o mais velho, que conhecia a regularidade dos fenômenos, e podia até prever alguns eventos, como a chuva e as estações do ano.
          Alguns fenômenos precediam outros, como as fases da lua e o resultado da pesca. Deviam ter relação. Ao que parece, a lua interfere no comportamento dos peixes.
          E se conseguíssemos convencer a lua a mandar os peixes subirem? O que eu posso fazer para agradar a lua? Quem sabe pedindo com fervor, ou oferecendo um presente.
          Surge o misticismo, e o Sábio se torna Sacerdote.
          Com o aumento dos grupos e a formação das aldeias fixas, o sacerdote passa a ser uma ocupação exclusiva, com direito de não caçar nem plantar para poder viver.
          A complexidade das sociedades vai aumentando, e o sacerdote começa a ter cada vez mais autoridade.
          O sacerdote só não mantém a liderança total porque, uma outra figura, com maior “poder de convencimento” assume esta posição: o Militar.
          Os sacerdotes formam uma classe hierarquizada, com divisões de tarefa e especialização, de acordo com interesses e afinidades pessoais.
          Uma parte ocupa-se de reproduzir fenômenos e truques.
          Surge então um novo personagem: o Mago.
          Neste momento a religião e a ciência começam a se separar.
          Os sacerdotes administram a moral e a relação com as divindades, mas o mago é capaz de manipular os elementos.
          Com os militares na liderança (afinal, são eles que garantem a segurança), a manutenção do prestígio torna-se cada vez mais trabalhosa. A concorrência interna enfraquece a classe.
          Os magos e os sacerdotes acabam por se separarem em duas classes. É cada um por si.
          É o ponto em que a ciência e a religião começam a se hostilizar.
          Com o passar das gerações, a ciência nega cada vez mais a influencia das divindades, apoiada em leis universais e imutáveis.
          A religião, em resposta, apoia seus argumentos nas leis morais, que não são menos imutáveis e universais.
          Assim como não se pode infringir as leis naturais sem consequências, desconsiderar as leis morais também não fica impune.
          A ciência desacredita a religião, e a religião excomunga a ciência, embora inúmeras vezes, a razão e o bom senso obriguem as duas a concordarem em alguns pontos.

          Após longos séculos de separação, num momento recente da história, mais precisamente no século XIX, surge uma terceira doutrina, que começa a observar tudo de forma imparcial e desapaixonada, reunindo novamente a ciência e a religião, demonstrando que as leis naturais e as leis morais são apenas leituras da mesma lei magna, a lei divina, a Lei de Deus.
          Demonstra que tanto a gravitação dos astros quanto a solidariedade, são expressões da mesma lei, a lei da interdependência e do apoio mútuo. Que a doação de amor e a doação de elétrons obedecem a mesma lei, a lei da completação e do equilíbrio compartilhado.
          Esta terceira doutrina iniciou o processo de reunião da religião e da ciência, e esta reunião não poderá ser contida.
          É só uma questão de tempo para que ambas reconheçam que já atingiram o seu limite individual, e que só conseguirão avançar no conhecimento e no progresso se unindo e se completando.
          A humanidade espera e anseia por isto, para ter novas respostas e novas esperanças.

          Qual o nome desta terceira doutrina?
          O homem que a codificou criou o termo Espiritismo.
          Mas isto pouco importa, é apenas uma nomenclatura, somente porque as pessoas necessitam de dar nomes as coisas para poder defini-las.
          O importante é que esta doutrina cumpra seu papel de indicar o caminho do progresso da humanidade.
          Quanto aos títulos religiosos e científicos (cristãos, físicos, islamitas, químicos, semitas ou biólogos), ninguém precisa abandoná-los.
          Gradativamente, todos se reconhecerão e apoiarão.

          Todos se verão como Irmãos.


          Um Abraço Fraterno,

          Antonio Canhedo