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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Os filhos de Deus


Tenho ouvido várias teses e pontos de vista tentando dizer quem é ou não filho de Deus.

É comum nas diversas religiões, os sacerdotes e praticantes apregoarem que você não nasce filho de Deus, mas se torna; e, de preferência, na igreja deles.
Argumento eu: se Deus criou tudo e todos, então somos todos filhos de Deus.
Respondem eles que somos criaturas de Deus, e, depois, de acordo com as regras ensinadas por estas igrejas, nos tornamos filhos de Deus.

Para mim parece mais uma questão de semântica que filosófica.

Então comecei a pesquisar na Bíblia, que é o livro de cabeceira de todo cristão.
Mas a coisa continua confusa.
No Velho Testamento, o termo filho de Deus é usado em ocasiões sem conta (bom, eu, pelo menos, não me dei ao trabalho de contar), todavia a conotação varia de acordo com o autor.
Pensando em afinar mais o critério, foquei nas palavras de Jesus.
Por mais veneráveis tenham sido os outros autores, eram homens como eu; Jesus porém, mesmo tendo nascido como eu, trouxe consigo sua incontestável autoridade, acima de todos os outros autores, sendo, portanto, fonte fiel.

Um detalhe: Jesus não deixou gravada nenhuma linha.
Então temos que colher suas palavras nos livros escritos por aqueles que as registraram, os seus Apóstolos, e seus discípulos.

Fiquei surpreso ao constatar que nos Evangelhos acontecem também as conotações sob ponto de vista pessoal.

Em apenas um versículo, de toda a Bíblia, Jesus diz, clara e objetivamente, quem será chamado de filho de Deus:
Mt - 5,9. Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!

Os pacíficos serão chamados de filhos de Deus.
Existe mais alguma condição? Não sei. Se existe, Jesus não disse. Ou talvez não disse por que não existe.
O que posso afirmar com segurança é que, para ser chamado de filho de Deus, eu devo ser pacífico. Todas as outras condições apregoadas são conclusões baseadas em opiniões pessoais; muitas das quais veneráveis, é verdade, mas são pontos de vista, dignos de análise criteriosa, antes de serem aceitas.

O que é ser pacífico então?

O dicionário Aurélio define Pacífico como amigo da paz, sossegado,manso, tranquilo.

Interessante notar que Jesus, em várias ocasiões saudava as pessoas com "Que a Paz esteja convosco".
A Paz recebeu tamanha importância de Jesus, ao ponto de Ele definir os pacíficos como filhos de Deus; Ele se declarou manso e humilde(Mt-11,29), que são sinônimos de pacífico, e declarou que os mansos possuirão a terra (Mt-5,5).
Recomendou e desejou a Paz:
Mt-10,12 - Entrando numa casa, saudai-a: Paz a esta casa.
Mc-5,34 - Mas ele lhe disse: Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz e sê curada do teu mal.
Mc-9,50 - Tende sal em vós e vivei em paz uns com os outros.
Lc-2,14 - Glória a Deus no mais alto dos céus e na terra paz aos homens, objetos da benevolência.
Lc-24,36 - Enquanto ainda falavam dessas coisas, Jesus apresentou-se no meio deles e disse-lhes: A paz esteja convosco!
Jo-14,27 - Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe o vosso coração, nem se atemorize!
Jo-16,33 - Referi-vos essas coisas para que tenhais a paz em mim. No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo.

E as citações não param por aí.

E, se você, caro leitor, conseguiu encontrar nas Sagradas Escrituras, algo diferente, divida conosco.

* * * * *

Ser Pacífico, semear a Paz.
Ser chamado Filho de Deus.


Um Abraço Fraterno,
Antonio Canhedo.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Quando um de nós morre...

Quando um de nós morre, fica-nos uma sensação estranha. Por mais nos preparemos, estudemos, tenhamos Fé, nos incomoda.
Usamos então os mais variados termos: foi embora, subiu, foi para o céu, nos deixou, partiu na frente, descansou.
Isto por que tentamos amenizar, muito mais por nós, numa tentativa de facilitar a aceitação daquilo que ainda não assimilamos, da "ficha que não caiu".
Falo na primeira pessoa do plural, porque este também é meu sentimento.
No meu caso, em particular, pesa a lacuna do que não foi conversado, do que não foi dito, do que não foi compartilhado.
Fica a lacuna de não ter tido tempo de desfrutar da companhia de um Amigo de longa data, que eu não tive tempo de conhecer.
Quantas experiências a absorver, quantas histórias a ouvir, quantos pontos em comum para concordar, e divergências a discutir.
Quanta Amizade para desfrutar.
Mas, a Divina Soberania deve ser respeitada. Engolimos o choro, em respeito e confiança Àquele que a tudo rege.

Pai, perdoe-nos a tristeza.
Não é por falta de Fé não, é só saudade mesmo.
Mas que seja feita a Tua vontade, e não a nossa, pois é a Tua que conta.

Vá com Deus, Amigo Alfredo.

Um Abraço Fraterno
Antonio Canhedo

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Esperança e expectativa


Porém agora permanecem estas três coisas: fé, esperança e caridade. Porém, a maior delas é a caridade. Cor 13,13

Esperança e expectativa são coisas muito próximas, mas com uma diferença essencial: a expectativa é baseada em probabilidades, algo que, conforme um projeto, um histórico, etc... tem tudo para acontecer, mas, como está no futuro, guarda um grau de incerteza.
Já a esperança é baseada na Fé, na confiança.
Um exemplo para entendermos melhor:
Imagine você em um carro, você precisa parar e pisa no freio. Você tem a expectativa de que ele vai parar o carro, porque foi projetado para isso, você faz as manutenções periódicas, e ele sempre parou o carro, logo, tudo indica que desta vez vai parar de novo.
Mas, por alguma razão, o freio não atuou. A certeza foi embora.
O que surge então? A esperança de que outra coisa vai parar o carro.
O que seria esta outra coisa? Bom isto é outra divagação.
Cada um deposita sua esperança no que lhe é peculiar.
No meu caso, em particular, minha esperança é em Deus, pois a minha fé é direcionada a Ele, porque fé é isto, é confiança.
Alguém já disse que a esperança não é a última que morre, e sim a última que nasce.
Quando tudo aquilo que era concreto e certo desaparece, quando o esteio rui, quando o chão afunda, quando a saúde vai embora, começa a nascer a esperança.
E o tamanho desta esperança é proporcional ao tamanho da nossa fé, que por sua vez, é respondida de acordo com o objeto da nossa fé.
Alguns tem fé no dinheiro, afinal o dinheiro compra tudo. Outros tem fé nas autoridades, que afinal mandam em tudo. Outros tem fé na amizade, afinal os amigos são para todas as horas.
A lista é grande.
Mas todas estas coisas, são coisas. No fundo também são expectativas, por que são baseadas em históricos e probabilidades, e são humanas, o que piora tudo. São falíveis.
Já a fé em Deus é baseada no Imutável, nAquele que criou tudo e todos, no Onipotente, Onipresente e Onisciente.
Saiamos do exemplo dado acima, porque nele o tempo de resposta é curto.
Vamos pensar em formas mais belas da esperança.
A esperança de trazer de volta ao caminho reto um filho desorientado. Ou o restabelecimento da saúde de um ente amado.
São esperanças que temos, sustentadas pela nossa fé nO Criador.
Mas a resposta a nossa esperança requer alguma contra partida.
O Criador não exige um pagamento em troca, mas nós precisamos nos colocar em posição de receber a resposta à nossa esperança.

Paulo, num de seus voos ao alto, escreveu o lindo poema que é o capítulo XIII, na primeira epístola que escreveu ao povo de Coríntio. Neste capítulo, quando ele fala nas três virtudes teologais, fé, esperança e caridade, nos dá o caminho para nos colocar em condição de receber as respostas às nossas esperanças. A maior das três virtudes, a Caridade.
E vai além, quando descreve o que é caridade, de uma forma inequívoca:

Verso 4. A Caridade é paciente, é benigna; a caridade não é invejosa; a caridade não faz sem razão, não se incha.
Verso 5. Não trata indecentemente; não busca seu proveito; não se agasta; não cuida mal.
Verso 6. tudo encobre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
Verso 7. a caridade nunca se perde.
A prática da caridade é o que nos coloca na condição de sermos merecedores das respostas às nossas esperanças.

Talvez você esteja se perguntando: E o amor a Deus?

O amor a Deus é a condição magna, mas como João nos explica, se não amamos nosso semelhante, a quem vemos, como amaremos a Deus, a quem não podemos ver?

Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, é louvar a Deus dando graças por tudo, e praticar a caridade com o nosso semelhante.

Esta é a Lei, estes são os Profetas.

Esta é a minha Esperança.


Um Abraço Fraterno
Antonio Canhedo


P.S.: citações bíblicas copiadas da tradução feita por João Ferreira de Almeida, 1ª edição, impressa pela Companhia da India Oriental, em 1681.