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quinta-feira, 23 de junho de 2011

O Preconceito ao Preconceituoso

           O dicionário Aurélio define preconceito como sendo um conceito ou uma opinião formados antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos.          Vemos pessoas discriminando outras em função de diferenças, de aparência ou de conduta, ou de posicionamentos em relação aos mais diversos assuntos ou temas.
          É um consenso de que aquele que discrimina, o preconceituoso, é uma pessoa ignorante, mal intencionada. O preconceito é criminalizado, e o preconceituoso se torna merecedor de processos penais e até cadeia.
          Mas você já parou para observar que, antes de tudo é uma pessoa, falível como você, e que esta postura taxativa também é uma forma de preconceito? Isso mesmo: preconceito contra o preconceituoso.
          Você não o conhece, não conhece sua história de vida, não sabe o que o leva a agir assim, e automaticamente o aponta como merecedor de castigos, inclusive um dos piores, que é cercear o seu direito constitucional de expressar sua opinião.
          Não falo aqui da intolerância que se externa através da agressão, física ou moral. Falo do direito de todos nós, inclusive você caro leitor, de dizer que não aprova determinado comportamento, ou que não acha bonita determinada aparência.
          Você talvez esteja pensando: - Neste caso, guarde suas opiniões para você.
          Mas pensar e não poder dizer não é liberdade de expressão.
          Bom, isto é apenas aproveitamento da oportunidade de expor um argumento que merece reflexão.
          Quando comecei a escrever este artigo, minha intenção era discutir, ou melhor, levantar a questão de que ninguém se importa em entender o preconceituoso.
          Segundo o psicoterapeuta americano Carl Rogers, as pessoas não reagem negativamente em função do comportamento/aparência em si.
          Esta não é a causa, visto que nem todos reagem da mesma forma. A causa esta em como as pessoas se sentem diante do diferente, e aí atuam inúmeros fatores, geralmente inconscientes, tais como cultura, educação domestica e acadêmica, meio social e financeiro, e etc.
          É preciso ter em mente que não se escolhe ser preconceituoso. O preconceito existe em função da nossa historia de vida, que é tão variável quanto o numero de habitantes do planeta. Cada historia de vida é única, e nos leva a reagir de forma única diante das mesmas situações.
          É claro que várias pessoas nascidas, criadas e convivendo no mesmo meio, terão comportamentos e posicionamentos parecidos, mas nunca exatamente iguais, diferindo em nuances sutis.
          Os indivíduos que tem alguma orientação, posicionamento ou aparência diferente da maioria dos outros indivíduos do meio em que vive, quer, e muitas vezes exige, respeito a esta diferença, e normalmente se esquece de respeitar a posição da maioria. E neste circulo vicioso de cada um achar que seu direito tem prioridade sobre os direitos dos outros surge o embate, onde obviamente acaba vencendo a maioria.
          Lembremos que estes também tem o direito de ter sua opinião respeitada. O que temos de eliminar é a animosidade e não a liberdade de expressão.
          Taxar o preconceituoso de ignorante é desprezar a sua historia de vida. Afinal, quem de nós pode, em sã consciência, afirmar que nunca sentiu preconceito contra ninguém, que nunca julgou erradamente alguém que não conhecia?
          Penso que a melhor forma de tratar este problema, a exemplo de muitos outros problemas sociais, não é criminalização, é a informação, a conscientização e a livre discussão respeitosa.
          Respeito é uma via de duas mãos, e aqui também vale a regra de ouro de Hilel : "Faça aos outros aquilo que gostarias que te fizessem, trate aos outros como gostarias que te tratassem."


Um abraço fraterno,

Antonio Canhedo

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