O dicionário Aurélio define preconceito como sendo um conceito ou
uma opinião formados antecipadamente, sem maior ponderação ou
conhecimento dos fatos. Vemos pessoas discriminando outras em função de diferenças, de
aparência ou de conduta, ou de posicionamentos em relação aos mais
diversos assuntos ou temas.
É um consenso de que aquele que discrimina, o preconceituoso, é uma
pessoa ignorante, mal intencionada. O preconceito é criminalizado, e o
preconceituoso se torna merecedor de processos penais e até cadeia.
Mas você já parou para observar que, antes de tudo é uma pessoa,
falível como você, e que esta postura taxativa também é uma forma de
preconceito? Isso mesmo: preconceito contra o preconceituoso.
Você não
o conhece, não conhece sua história de vida, não sabe o que o leva a
agir assim, e automaticamente o aponta como merecedor de castigos,
inclusive um dos piores, que é cercear o seu direito constitucional de
expressar sua opinião.
Não falo aqui da intolerância que se externa
através da agressão, física ou moral. Falo do direito de todos nós,
inclusive você caro leitor, de dizer que não aprova determinado
comportamento, ou que não acha bonita determinada aparência.
Você
talvez esteja pensando: - Neste caso, guarde suas opiniões para você.
Mas pensar e não poder dizer não é liberdade de expressão.
Bom, isto é apenas aproveitamento da oportunidade de expor um argumento que merece reflexão.
Quando comecei a escrever este artigo, minha intenção era discutir,
ou melhor, levantar a questão de que ninguém se importa em entender o
preconceituoso.
Segundo o psicoterapeuta americano Carl Rogers, as pessoas não
reagem negativamente em função do comportamento/aparência em si.
Esta
não é a causa, visto que nem todos reagem da mesma forma. A causa esta
em como as pessoas se sentem diante do diferente, e aí atuam inúmeros
fatores, geralmente inconscientes, tais como cultura, educação
domestica e acadêmica, meio social e financeiro, e etc.
É preciso ter em mente que não se escolhe ser preconceituoso. O
preconceito existe em função da nossa historia de vida, que é tão
variável quanto o numero de habitantes do planeta. Cada historia de
vida é única, e nos leva a reagir de forma única diante das mesmas
situações.
É claro que várias pessoas nascidas, criadas e convivendo no
mesmo meio, terão comportamentos e posicionamentos parecidos, mas nunca
exatamente iguais, diferindo em nuances sutis.
Os indivíduos que tem alguma orientação, posicionamento ou aparência
diferente da maioria dos outros indivíduos do meio em que vive, quer, e
muitas vezes exige, respeito a esta diferença, e normalmente se esquece
de respeitar a posição da maioria. E neste circulo vicioso de cada um
achar que seu direito tem prioridade sobre os direitos dos outros surge
o embate, onde obviamente acaba vencendo a maioria.
Lembremos que estes também tem o direito de ter sua opinião
respeitada. O que temos de eliminar é a animosidade e não a liberdade
de expressão.
Taxar o preconceituoso de ignorante é desprezar a sua
historia de vida. Afinal, quem de nós pode, em sã consciência, afirmar
que nunca sentiu preconceito contra ninguém, que nunca julgou
erradamente alguém que não conhecia?
Penso que a melhor forma de tratar este problema, a exemplo de
muitos outros problemas sociais, não é criminalização, é a informação,
a conscientização e a livre discussão respeitosa.
Respeito é uma via de duas mãos, e aqui também vale a regra de ouro
de Hilel : "Faça aos outros aquilo que gostarias que te fizessem, trate
aos outros como gostarias que te tratassem."
Um abraço fraterno,
Antonio Canhedo
O objetivo deste blog é uma tentativa de dividir com outras pessoas minhas reflexões sobre o mundo, e convidá-las a também refletir, com os "pés no chão", enxergando não a superfície, mas a essência das coisas. Quanto ao título, é a forma como, já há muito tempo, eu costumo assinar meus artigos, cartas e-mails, etc. É um desejo sincero, e é o que eu quero oferecer a você. Concordando ou não, eu gostaria de saber da sua opinião, me ajudando também a melhorar minha visão do mundo.
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