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quinta-feira, 14 de julho de 2011

O conceito religião


           O termo Religião vem sendo usado há muito tempo como sinonimo de seita, ou até mesmo com uma conotação politico partidária, dividindo as pessoas em grupos cada vez maiores, que se consideram, de alguma maneira, melhor que os outros grupos por serem os detentores da Verdade.
          Grupos estes sempre dotados de complicadas estruturas hierárquicas, sempre havendo um líder supremo, ao qual são subordinados outros líderes em menor escala, subdividindo em outros níveis de liderança, até chegar aos fiéis na base da pirâmide. Mas neste nosso ensaio não vamos nos ater a entender as estruturas destes grupos.
           A nossa proposta neste momento é tentar explorar religião não como seita, e sim como conceito. A etimologia da palavra religião é um tanto confusa, e não nos serviria neste estudo.
           Para facilitar o entendimento de como quero conduzir este raciocínio, considere que temos outros conceitos, digamos gerais, que depois se subdividem em formas que deixam de ser o conceito em si, para se tornarem substantivos, como por exemplo o conceito Ciência, que engloba o conhecimento claro e objetivo de diversas coisas, de forma que sejam compreendidas por regras bem claras e específicas, e possam ser reproduzidas e até universalizadas, sendo subdividida em várias ciências, ciências humanas, ciências exatas, e etc. Na mesma ótica, temos a Política, a Saúde, a Filosofia, e outros conceitos que, em maior ou menor grau, seguem a mesma dinâmica.
           A religião é aquele sentimento inato de que existe algo superior que é a causa primária de todas as coisas. A ideia da existência da Divindade é facilmente construída em nós pelos nossos primeiros educadores (geralmente os pais) graças a este sentimento inato, e a partir daí todo um conjunto de regras e valores que vão formar a nossa ética pessoal, que não é necessariamente universal. Esta ética vai sofrendo mutações ao longo da nossa vida a medida que vamos vivenciando experiências e recebendo as impressões da ética das pessoas com quem convivemos. Aí também vemos um fenômeno não raro, que poderíamos chamar de aleijados morais, que são indivíduos que tem pleno conhecimento das regras, tendo consciência do que é certo ou errado, e ao cometerem erros simplesmente não sentem remorsos.
           A influencia que sofremos ao longo da formação da nossa personalidade acaba nos levando ao engajamento a algum grupo religioso, adotando seu rótulo. Passamos então a dar muito valor a forma, as rotinas e aos rituais, submetemo-nos ao comando hierárquico deste grupo, e geralmente sentimos um vazio por saber inconscientemente que isto preenche o nosso tempo, mas não responde as nossas perguntas: De onde viemos e para onde vamos? A nossa individualidade começa com o nosso nascimento, ou já existia antes? Por que uns parecem tão felizes contrastando com verdadeiras desgraças convivendo no mesmo meio? Qual o sentido da vida?
           Quando estes braseiros se acendem dentro de nós é um bom momento para buscarmos recolhimento e meditar.
           A Religião não é a nossa seita, é A Causa Primária que reivindica dentro de nós o seu espaço. Pouco importa se você a chama de Deus, Alá, Mãe Natureza, o que importa é que Ela existe. Ela nos diz que viemos todos da mesma matéria-prima, embora sejamos individuais, que ninguém é melhor ou pior do que ninguém, e por isso não existem posições de lideres e liderados por direito, e sim posições momentâneas, de acordo com o merecimento, e que as posições de liderança são antes de tudo missões como guias e exemplos e não privilégios a servirem ao ego. Voltando nossa atenção para esta voz interior compreendemos que Ela nos convida a fazer aos outros aquilo que gostaríamos que eles nos fizessem, que fazer aos outros felizes nos dá uma satisfação que nenhuma outra coisa dá. Sentimos que Ela nos quer felizes também.
           Não somos capazes de compreender esta Causa Primária, mas sentimos que nos quer progredindo, visto que nos compele a reflexão, gerando em nós uma vontade, muitas vezes angustiante de tão irresistível, de conhece-La e entende-La.
           Caro leitor, não quero que você abandone o grupo do qual faz parte, isto seria radical demais, e feito de forma abrupta pode causar estragos. Quero sim convidá-lo a reservar um tempo nas suas horas diárias para começar e refletir na Religião pura, não como seita, mas como conceito. Procurar ouvir esta voz que nunca se cala, que quando não ouvida é por que não lhe damos atenção. Reflita sobre as mensagens puras e simples que Ela nos dá. Procure aproximar-se destes sentimentos básicos de fraternidade.
           Certa vez li em um livro que o maior pecado da Ciência foi ter se afastado da Religião. As duas vem da mesma fonte e deveriam sempre ser observadas de uma forma inter-relacionada, a Religião ser observada de uma forma científica, e a Ciência ser observada de uma forma religiosa. A observação separada é que dificulta nossa compreensão da Causa Primária.
           Não aceite o separatismo de grupo. Aproxime-se mais da Religião, compreenda-a, de forma desarmada, sem pressa, sem cobranças, e divida com as outras pessoas as suas impressões puras.
           Se quiser, divida-as também com este pretenso escritor, pois também anseio por entender a voz da Causa Primária.

Um abraço fraterno,

Antonio Canhedo

2 comentários:

  1. Prezado Antonio Canhedo, chegamos a um tempo em que ter uma religião soa quase como um pecado. Quem é devasso é tido como livre. Fim dos tempos.

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  2. Caro Daladier,
    Em tempos como esse, o estudo desapaixonado da moral dO Cristo se faz imperioso.
    Obrigado por seu comentário.

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