Pesquisar este blog

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Deixe-o voar.


           Conta-se que havia um criador de pássaros cantores. Ele tinha um viveiro enorme, bem ventilado e ensolarado, com sombras suficientes, enfim, bem amplo e cuidado. O ambiente propício para que seus passarinhos, dos mais diversos tipos, tamanhos e cores, desenvolvessem o canto.
          Alguns destes passarinhos eram detentores de prêmios e troféus.
          Um dia, nasceu um passarinho, que, como todos os outros, foi crescendo aprendendo junto com os outros a cantar.
          Aos poucos foi desenvolvendo e melhorando o seu canto. Foi ficando cada vez mais bonito e forte.
          O criador começou a desenvolver um carinho e admiração especiais por ele.
          O passarinho prodígio ganhava mais e mais concursos, mais e mais prêmios.
          Parecia que a sua capacidade de melhorar nunca atingia o limite.
          Então, uma coisa estranha começou a acontecer, quando o passarinho especial começava a cantar, o fazia com tanta intensidade, tanta força e beleza, que todos os outros passarinhos do viveiro se calavam.
          Como a vida de um passarinho é cantar, os que não conseguiam espaço, ficavam amuados e deprimidos. Alguns adoeceram e morreram. Teve um que roía a tela, na tentativa de fugir.
          Isto não era bom. Os outros passarinhos do viveiro também eram importantes para o criador. Tinham seu valor. Durante muito tempo garantiram o lugar de destaque do viveiro nas competições.
          O passarinho destaque continuava a ganhar prêmios e mais prêmios, mas é ruim depender de um único indivíduo. E se algo acontecesse com ele?
          O criador começou a ficar preocupado, algo precisava ser feito, mas o que ?
          Um dia, após uma noite insone, o criador levantou mais cedo e ficou por horas observando o viveiro.           Observar antes de agir é muito bom.
          De repente ele entendeu o que estava acontecendo, o passarinho não cabia mais no viveiro, seu talento já extrapolava os limites das telas.
          E pior, sem querer, ele desestabilizava toda a comunidade.
          O criador então, num gesto de desapego e compreensão, dirigiu-se até o viveiro, abriu a porta e, com cuidado, tomou o passarinho em suas mãos.
          Mesmo sabendo que não seria entendido, falou-lhe de sua estima, e prometeu que ali sempre seria sua casa, que nunca lhe faltaria uma porção de alpiste.
          Abriu as mãos e o soltou.
          O passarinho fez um voo curto, um tanto perdido com tamanho espaço, e pousou próximo. Exitou por alguns minutos, e voou para o bosque. O criador suspirou, sem saber se fizera a coisa certa, mas como já estava feito, voltou aos seus que fazeres.
          Ao final do dia, como prometera, encheu uma caixinha com alpiste, e pendurou do lado de fora do viveiro.
          No dia seguinte, cedo, ao abrir a porta, viu o recém liberto comendo na caixinha. Quando se satisfez cantou um pouco, como que agradecendo, e voltou para o bosque.
          Passados dois ou três dias, um por um os outros passarinhos do viveiro começaram a cantar novamente, e ao final de duas semanas, o equilíbrio já havia retornado.
          Do bosque se ouvia, mesmo ao longe, o canto do passarinho especial, e uma coisa nova acontecia. Por influencia dele, os outros passarinhos do bosque melhoraram o canto. Foi quando o criador sentiu que havia feito a coisa certa.

****************

          Se você é líder, talvez já tenha passado por uma situação semelhante (ou está passando). Um membro da equipe cresce tanto que já não cabe mais na equipe, e começa a desestabilizar o grupo.
          Abra a porta da gaiola e deixe-o voar. Ajude-o a encontrar um lugar em outra equipe ou projeto onde ele será mais útil, onde ele possa crescer e influenciar os outros a crescer também.
          E não esqueça de deixar uma caixinha de alpiste. Ele pode precisar voltar de vez em quando.



Um Abraço Fraterno,

Antonio Canhedo

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O embate ciência e religião


-->
         “A Ciência e a Religião, perderam, uma e outra, o seu dom
supremo – que é a educação da consciência humana. Está perdida a arte de formar-se e criar-se almas e ela só será redescoberta quando a
Ciência e a Religião, repensadas e refundidas em uma única força viva, convergirem para a sublime tarefa de magnificar a Humanidade”.

Édouard Schuré

 
           A ciência e a religião são duas doutrinas que se ocupam da mesma fonte, que são as leis naturais.
          O universo, ao que tudo indica, é eterno, ou seja, nunca teve um começo, e nunca terá um fim,atributo, aliás, de seu Criador. Interessante também o título de Criador, mas é como a espiritualidade maior se refere a Deus, e parece, a princípio, contrassenso chamar de criação algo que sempre existiu, mas devemos lembrar que o universo está em constante movimento, com mundos nascendo e morrendo.
          Nem precisaríamos pensar tão macro. Se ficarmos só na observação do nosso planeta, veremos que nem os continentes estão livres de nascer, ter uma história e morrer, e um novo tomar seu lugar. Isto é a constante criação.
          A mente humana está longe de ter capacidade para compreender o eterno. Só de tentar imaginar o espaço sem dimensões dá vertigem. A gente se limita a aceitar.
          Teorias, fantásticas ou simplistas são elaboradas, como a do Big Bang, mas nenhuma delas foi suficiente para fechar a questão.
          É bom que seja assim, que se continue tentando, porque é da nossa natureza não se contentar com a falta de respostas, e no caminho para tentar entender, muitas outras perguntas vão sendo respondidas.
          Mas pelo menos podemos afirmar que quando o nosso mundo foi criado, o universo já existia, assim como suas leis.
          E foi com essa matéria-prima, sob a regência destas leis, que tudo o que está a nossa volta foi feito e existe.
          O que são então a ciência e a religião, se não doutrinas que estudam estas leis naturais e esta matéria-prima?

          A humanidade, no seu surgimento, atendendo aos instintos de preservação e mútua proteção, começou a se agrupar em bandos, onde aparece a hierarquia, dos mais velhos sobre os mais novos, e dos mais fortes sobre os mais fracos, onde um protegia e o outro obedecia, aguardando a sua vez de proteger e ser obedecido.
          Surgiu então a figura do Sábio, geralmente o mais velho, que conhecia a regularidade dos fenômenos, e podia até prever alguns eventos, como a chuva e as estações do ano.
          Alguns fenômenos precediam outros, como as fases da lua e o resultado da pesca. Deviam ter relação. Ao que parece, a lua interfere no comportamento dos peixes.
          E se conseguíssemos convencer a lua a mandar os peixes subirem? O que eu posso fazer para agradar a lua? Quem sabe pedindo com fervor, ou oferecendo um presente.
          Surge o misticismo, e o Sábio se torna Sacerdote.
          Com o aumento dos grupos e a formação das aldeias fixas, o sacerdote passa a ser uma ocupação exclusiva, com direito de não caçar nem plantar para poder viver.
          A complexidade das sociedades vai aumentando, e o sacerdote começa a ter cada vez mais autoridade.
          O sacerdote só não mantém a liderança total porque, uma outra figura, com maior “poder de convencimento” assume esta posição: o Militar.
          Os sacerdotes formam uma classe hierarquizada, com divisões de tarefa e especialização, de acordo com interesses e afinidades pessoais.
          Uma parte ocupa-se de reproduzir fenômenos e truques.
          Surge então um novo personagem: o Mago.
          Neste momento a religião e a ciência começam a se separar.
          Os sacerdotes administram a moral e a relação com as divindades, mas o mago é capaz de manipular os elementos.
          Com os militares na liderança (afinal, são eles que garantem a segurança), a manutenção do prestígio torna-se cada vez mais trabalhosa. A concorrência interna enfraquece a classe.
          Os magos e os sacerdotes acabam por se separarem em duas classes. É cada um por si.
          É o ponto em que a ciência e a religião começam a se hostilizar.
          Com o passar das gerações, a ciência nega cada vez mais a influencia das divindades, apoiada em leis universais e imutáveis.
          A religião, em resposta, apoia seus argumentos nas leis morais, que não são menos imutáveis e universais.
          Assim como não se pode infringir as leis naturais sem consequências, desconsiderar as leis morais também não fica impune.
          A ciência desacredita a religião, e a religião excomunga a ciência, embora inúmeras vezes, a razão e o bom senso obriguem as duas a concordarem em alguns pontos.

          Após longos séculos de separação, num momento recente da história, mais precisamente no século XIX, surge uma terceira doutrina, que começa a observar tudo de forma imparcial e desapaixonada, reunindo novamente a ciência e a religião, demonstrando que as leis naturais e as leis morais são apenas leituras da mesma lei magna, a lei divina, a Lei de Deus.
          Demonstra que tanto a gravitação dos astros quanto a solidariedade, são expressões da mesma lei, a lei da interdependência e do apoio mútuo. Que a doação de amor e a doação de elétrons obedecem a mesma lei, a lei da completação e do equilíbrio compartilhado.
          Esta terceira doutrina iniciou o processo de reunião da religião e da ciência, e esta reunião não poderá ser contida.
          É só uma questão de tempo para que ambas reconheçam que já atingiram o seu limite individual, e que só conseguirão avançar no conhecimento e no progresso se unindo e se completando.
          A humanidade espera e anseia por isto, para ter novas respostas e novas esperanças.

          Qual o nome desta terceira doutrina?
          O homem que a codificou criou o termo Espiritismo.
          Mas isto pouco importa, é apenas uma nomenclatura, somente porque as pessoas necessitam de dar nomes as coisas para poder defini-las.
          O importante é que esta doutrina cumpra seu papel de indicar o caminho do progresso da humanidade.
          Quanto aos títulos religiosos e científicos (cristãos, físicos, islamitas, químicos, semitas ou biólogos), ninguém precisa abandoná-los.
          Gradativamente, todos se reconhecerão e apoiarão.

          Todos se verão como Irmãos.


          Um Abraço Fraterno,

          Antonio Canhedo

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Preconceito


          A imprensa traz todos os dias notícias de atos de preconceito. Mas não traz de todos.
          São sempre notícia, aqueles que partem das “maiorias” contra as “minorias”. As manipulações das notícias, atendendo aos assuntos que estão em moda, omitem muitos fatos, tão ou mais graves, que nunca são dignos de nota.
          Se você for analisar, dado a grande diversidade, todos nós somos diferentes da maioria dos outros indivíduos do nosso meio, e fazemos parte de alguma minoria no grupo. As vezes somos o mais novo, ou o mais velho, nosso cabelo é diferente, usamos óculos, somos obesos, nascemos em outro estado, adotamos uma doutrina religiosa diferente. 
          E sempre haverá alguém que aproveita esta diferença para fazer uma anedota, ou nos hostilizar, por medo inconsciente de afetarmos a estabilidade social do grupo.
          Aí vemos casos de pessoas com pouca renda fazendo comentários constrangedores contra outros de situação financeira melhor. 
          Vemos grupos musicais, todos da mesma cor de pele, darem-se nomes, que ditos por pessoas de outra cor, seriam considerados ofensa. Vemos comportamentos considerados escandalosos ou ridículos quando praticados por qualquer pessoa, independente do seu sexo, mas que devem ser tolerados quando adotado por determinado grupo.
          O direito sagrado de ser diferente é de todos.
          Dar proteção privilegiada a alguns, e a outros não, isto sim é a pior forma de discriminação, é a discriminação regulamentada.
          E o prior é que agrava o problema, pois também regulamenta a existência clara e identificável de uma diferença do protegido em relação a maioria.
          Pense bem na lógica inconsciente da coisa: se você é diferente, você não é igual, e para haver igualdade de direitos, é preciso que todos sejam iguais.
          Se você próprio se reconhece como diferente, irá fatalmente ter seus direitos diferenciados.
          O preconceito é um fenômeno social, e tem dinâmica própria.
          Criar leis tentando proibi-lo é ineficiente, e só piora, pois cria uma barreira de proteção, que estimulará outros grupos a tentar derruba-la ou contorná-la.
          Não vejo outro caminho que não o da educação e da conscientização.
          Parafraseando Sócrates, se educarmos as crianças, não precisaremos punir os adultos.
          A educação gera segurança, e a segurança alicerça o respeito.
          Daí está mais perto da fraternidade, onde todos nos vejamos como irmãos, filhos do mesmo Pai Maior, discípulos do mesmo Mestre.
          Invistamos mais na educação e ensinemos nossas crianças que somos todos iguais, da mesma raça... A raça humana.


Um Abraço Fraterno
Antonio Canhedo

quarta-feira, 27 de julho de 2011

O homem Jesus


           Muito se tem falado e escrito a respeito de Jesus como homem comum. Livros de ficção, filmes, documentários e até mesmo trabalhos arqueológicos por parte de nomes respeitáveis. Aqui e acolá surgem descobertas de artefatos novos como os manuscritos do mar morto, o evangelho de Judas, a tumba dos dez ossários. Discute-se até um casamento de Jesus e um filho que ele teve com Maria Madalena, criando uma legião de buscadores do herdeiro com o DNA do Mestre, que estaria caminhando incógnito entre nós nos dias de hoje.
           Diante deste turbilhão temos que examinar tudo à luz do bom senso para não sermos confundidos e levados a conclusões erradas.
           Primeiro lugar: Jesus era um homem. Isto por que Ele assim o quis. Poderia ter vindo em uma nuvem iluminada pelo sol, escoltado por uma multidão de anjos alados, mas preferiu vir como um homem comum. Porque? Pela simples razão que, se tivesse vindo em uma condição extraordinária, isto nos isentaria de seguir o seu exemplo, afinal Ele detinha 'poderes' divinos, os quais nós não temos. Então, em sua sabedoria, decidiu vir nas mesma condições que qualquer pessoa, para mostrar que, se Ele era capaz de fazer e suportar, qualquer um de nós poderia. O próprio Cristo deixou isto claro quando disse que éramos deuses, que poderíamos fazer o que Ele fazia e muito mais, que a fé é capaz de remover montanhas, e que, se não o fazemos, é por causa de nossa pouca fé.
           Fisicamente Jesus era um ser humano exatamente igual a mim e a você, o que o diferencia de nós é a sua estatura moral, a frente da nossa numa proporção que eu não sei mensurar. Mas sempre lembrando que este estágio de evolução não é inatingível, muito pelo contrário, o Mestre, durante toda a sua trajetória não fez outra coisa além de exemplificar e ensinar que todos poderiam seguir seu exemplo.
           Quanto a filhos, não há menção em nenhum evangelho ou registro histórico que evidencie isto, muito menos casamento. Caso tivesse, por que razão seria omitido?
           Eu particularmente acredito que Jesus não deixou filhos pelas mesmas razões que não deixou manuscritos, objetos, roupas, corpo, etc... para evitar a idolatria de pessoas e objetos (digo particularmente porque esta intenção também não está escrita em lugar algum, nem o Mestre me autorizou a falar em nome dEle).
           O importante em tudo isto é a mensagem deixada: amai-vos uns aos outros, fazei aos outros o que gostarias que te fizessem. Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, nisto está contida toda a Lei e os profetas. Tudo o mais é especulação, política, luta por poder.
           Outra coisa importante é lembrar que Jesus sempre condenou a preocupação com as aparências externas, ensinando que muito mais importante é termos a consciência limpa, embora não devamos negligenciar nossas obrigações sociais, pois vivemos em sociedade e necessitamos de regras de convivência mútua.
           Jesus era um homem sim, mas não um homem comum, não uma pessoa que foi escolhida ao acaso, não um filósofo que reformulou o mundo. Ele nasceu com esta missão por escolha própria. De seu lugar como governador deste planeta decidiu que deveria vir pessoalmente dar autoridade as ideias que mensageiros enviados por Ele mesmo já haviam difundido. Basta um rápido estudo sobre iluminados como Moisés, Sócrates, Buda, Maomé, os profetas do velho testamento, e muitos outros para ver que esta mensagem já havia sido transmitida de várias formas, e nem sempre entendida, razão pela qual veio dissolver qualquer dúvida causada pelas mas interpretações. Mesmo assim, ensinando pessoalmente, sabia que suas palavras seriam distorcidas, por isso nos prometeu um consolador que viria após séculos para corrigir estes desvios. Este tempo seria necessário para que a humanidade digerisse e refletisse sobre a Boa Nova que Ele trazia.
           Guerras foram criadas e travadas sobre estas interpretações, postos honoríficos e políticos criados atribuindo santidade a líderes para angariar autoridade e dominação sobre os mais humildes.
           Ainda hoje se discute a interpretação de sua mensagem, dividindo a fé em seitas e partidos pretendendo o monopólio da razão.
           Tudo isto faz parte do crescimento e amadurecimento da humanidade.
           Devemos continuar esta discussão e estudo sobre as bases da Boa Nova até o completo entendimento e assimilação.
           Quanto ao lado homem de Jesus, suscetível as mesmas paixões que nós, esqueça, é perda de tempo e energia. Ele simplesmente estava, e está, acima destas questões.

Um abraço fraterno
Antonio Canhedo

terça-feira, 19 de julho de 2011

O aleijado moral


          A exemplo dos aleijados físicos, que tem algum tipo de deficiência física, existe um outro tipo de aleijão: o aleijado moral.
           Não é aquele que desconhece o que é certo ou errado, este é o ignorante.
          O aleijado moral é aquele que tem consciência de que está errado, mas não sente remorso pelo que faz. E são mais comuns do que se pensa.
           De certa forma, todos nós o somos, em maior ou menor grau. Nos comportamos como aleijados morais quando desrespeitamos as leis de transito, furamos uma fila, aceitamos troco a mais e não devolvemos, caluniamos alguém, etc...
           Falemos sobre os casos mais graves, falemos sobre os criminosos. São pessoas que tomam os bens alheios, machucam e tiram vidas, e conseguem conviver normalmente com isso.
           Salvo casos de patologias mentais, estas pessoas são frutos do meio. A falta de acesso a escola contribui em muito, mas a estrutura familiar tem papel importante. Uma família desajustada moralmente é o ambiente propicio. E a responsabilidade não se restringe ao curto circulo familiar, o meio social também tem peso no processo, e a medida em que o indivíduo cresce e começa a se relacionar com a vizinhança, depois com o bairro, e a cidade, a interação com a cultura vai gravando marcas fundas.
           Daí então outro fator começa a ter sua ação, que é a personalidade que se traz ao nascer, aquela que já faz parte da nossa historia milenar no revezamento das encarnações.
           O indivíduo ao nascer já traz consigo suas más tendencias, e o meio pode direcioná-las a correção, ou agravá-las.
           Aí, Amigo leitor, começa a sua parcela neste processo. Cada vez que você tolera pequenos desvios de conduta, ou os comete conscientemente, está contribuindo para criar ou manter um ambiente cultural onde o aleijado moral encontra campo para expandir os hábitos que ele deveria estar corrigindo.
           Sim, o aleijado moral deve ser responsabilizado por seus atos, mas nós temos a nossa parcela de culpa, por menor que seja, e, assim como ele responderá diante da Divina Providência pelo mal que fez, você também terá que responder pelos maus exemplos que deu, contribuindo para mantê-lo desviado do caminho do progresso.
           A cura para este mal está nas leis morais que O Cristo nos trouxe :Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo.
           Temos a obrigação de ser éticos em nossa conduta, não nos julgando santos ou virtuosos, mas com simplicidade e sem alarde, afinal não estamos fazendo mais que cumprir uma obrigação. Basta fazer a sua parte, da melhor forma possível, sempre se perguntando a cada passo como você gostaria de ser tratado e o que você gostaria que te fizessem.
           Comece hoje a fazer a sua parte, e, quem sabe, ons nossos netos possam ter um meio melhor e mais ético para viver, tendo como preocupação a sobrevivência através do trabalho, livres do fardo de ter que se proteger dos semelhantes.

Um Abraço Fraterno

Antonio Canhedo

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O conceito religião


           O termo Religião vem sendo usado há muito tempo como sinonimo de seita, ou até mesmo com uma conotação politico partidária, dividindo as pessoas em grupos cada vez maiores, que se consideram, de alguma maneira, melhor que os outros grupos por serem os detentores da Verdade.
          Grupos estes sempre dotados de complicadas estruturas hierárquicas, sempre havendo um líder supremo, ao qual são subordinados outros líderes em menor escala, subdividindo em outros níveis de liderança, até chegar aos fiéis na base da pirâmide. Mas neste nosso ensaio não vamos nos ater a entender as estruturas destes grupos.
           A nossa proposta neste momento é tentar explorar religião não como seita, e sim como conceito. A etimologia da palavra religião é um tanto confusa, e não nos serviria neste estudo.
           Para facilitar o entendimento de como quero conduzir este raciocínio, considere que temos outros conceitos, digamos gerais, que depois se subdividem em formas que deixam de ser o conceito em si, para se tornarem substantivos, como por exemplo o conceito Ciência, que engloba o conhecimento claro e objetivo de diversas coisas, de forma que sejam compreendidas por regras bem claras e específicas, e possam ser reproduzidas e até universalizadas, sendo subdividida em várias ciências, ciências humanas, ciências exatas, e etc. Na mesma ótica, temos a Política, a Saúde, a Filosofia, e outros conceitos que, em maior ou menor grau, seguem a mesma dinâmica.
           A religião é aquele sentimento inato de que existe algo superior que é a causa primária de todas as coisas. A ideia da existência da Divindade é facilmente construída em nós pelos nossos primeiros educadores (geralmente os pais) graças a este sentimento inato, e a partir daí todo um conjunto de regras e valores que vão formar a nossa ética pessoal, que não é necessariamente universal. Esta ética vai sofrendo mutações ao longo da nossa vida a medida que vamos vivenciando experiências e recebendo as impressões da ética das pessoas com quem convivemos. Aí também vemos um fenômeno não raro, que poderíamos chamar de aleijados morais, que são indivíduos que tem pleno conhecimento das regras, tendo consciência do que é certo ou errado, e ao cometerem erros simplesmente não sentem remorsos.
           A influencia que sofremos ao longo da formação da nossa personalidade acaba nos levando ao engajamento a algum grupo religioso, adotando seu rótulo. Passamos então a dar muito valor a forma, as rotinas e aos rituais, submetemo-nos ao comando hierárquico deste grupo, e geralmente sentimos um vazio por saber inconscientemente que isto preenche o nosso tempo, mas não responde as nossas perguntas: De onde viemos e para onde vamos? A nossa individualidade começa com o nosso nascimento, ou já existia antes? Por que uns parecem tão felizes contrastando com verdadeiras desgraças convivendo no mesmo meio? Qual o sentido da vida?
           Quando estes braseiros se acendem dentro de nós é um bom momento para buscarmos recolhimento e meditar.
           A Religião não é a nossa seita, é A Causa Primária que reivindica dentro de nós o seu espaço. Pouco importa se você a chama de Deus, Alá, Mãe Natureza, o que importa é que Ela existe. Ela nos diz que viemos todos da mesma matéria-prima, embora sejamos individuais, que ninguém é melhor ou pior do que ninguém, e por isso não existem posições de lideres e liderados por direito, e sim posições momentâneas, de acordo com o merecimento, e que as posições de liderança são antes de tudo missões como guias e exemplos e não privilégios a servirem ao ego. Voltando nossa atenção para esta voz interior compreendemos que Ela nos convida a fazer aos outros aquilo que gostaríamos que eles nos fizessem, que fazer aos outros felizes nos dá uma satisfação que nenhuma outra coisa dá. Sentimos que Ela nos quer felizes também.
           Não somos capazes de compreender esta Causa Primária, mas sentimos que nos quer progredindo, visto que nos compele a reflexão, gerando em nós uma vontade, muitas vezes angustiante de tão irresistível, de conhece-La e entende-La.
           Caro leitor, não quero que você abandone o grupo do qual faz parte, isto seria radical demais, e feito de forma abrupta pode causar estragos. Quero sim convidá-lo a reservar um tempo nas suas horas diárias para começar e refletir na Religião pura, não como seita, mas como conceito. Procurar ouvir esta voz que nunca se cala, que quando não ouvida é por que não lhe damos atenção. Reflita sobre as mensagens puras e simples que Ela nos dá. Procure aproximar-se destes sentimentos básicos de fraternidade.
           Certa vez li em um livro que o maior pecado da Ciência foi ter se afastado da Religião. As duas vem da mesma fonte e deveriam sempre ser observadas de uma forma inter-relacionada, a Religião ser observada de uma forma científica, e a Ciência ser observada de uma forma religiosa. A observação separada é que dificulta nossa compreensão da Causa Primária.
           Não aceite o separatismo de grupo. Aproxime-se mais da Religião, compreenda-a, de forma desarmada, sem pressa, sem cobranças, e divida com as outras pessoas as suas impressões puras.
           Se quiser, divida-as também com este pretenso escritor, pois também anseio por entender a voz da Causa Primária.

Um abraço fraterno,

Antonio Canhedo

sábado, 9 de julho de 2011

Entendendo o Pai Nosso.

          Uma das orações mais recitadas, talvez a mais, é a que Jesus nos ensinou, o Pai Nosso.
          Porem, você já parou para refletir no que está dizendo e pedindo? Ou simplesmente recita?
          Nesta oração, primor de criatividade por ser curta, simples, objetiva e completa, encontramos a adoração, a submissão, o compromisso e a súplica, desde material quanto espiritual, num roteiro pelo qual deveriam passar todas as orações que formulamos.

          Vamos observar cada uma das passagens.

          - Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o vosso nome;
          Você começa reconhecendo-O como nosso criador, Pai maior, posicionando-O acima de nós, tanto hierarquicamente, quanto fisicamente, adorando-O, santificando seu nome.

          -Venha a nós o vosso reino;
          Aqui está a submissão, onde se entende que um reino é formado por leis e regras, e que, se estamos pedindo que este reino venha a nós, estamos nos propondo a seguir este conjunto de leis.

          -Seja feita a vossa vontade; assim na terra como no céu.
          Ato de completa resignação aos desígnios de Deus, não só em nossa esfera imediata, mas também nas esferas distantes.

          -O pão nosso de cada dia, nos daí hoje;
          Iniciam-se as suplicas, começando pelas necessidades físicas. Considere que o próprio Cristo disse que nem só de pão vive o homem, então quando você pede pelo pão, está englobando o restante, mas focando o essencial. O supérfluo fica de fora.

          -Perdoai as nossas dividas (ou ofensas);
          Também súplica, desta vez pela misericórdia divina. Também é um reconhecimento de que falhamos com o nosso semelhante. Usar o termo dívida ou ofensa é uma escolha pessoal, sendo que o sentido neste caso é o mesmo. Observe que você esta abrangendo não só as agressões abertas, mas também aquelas discretas, indiretas, e até mesmo os pensamentos não externados, e as vontades não concretizadas apenas por falta de oportunidade.

          -Assim como nós perdoamos aos nossos devedores (ou quem nos tem ofendido);
          Acredito que esta seja a frase mais grave e a menos refletida da oração, pois estamos pedindo ao Criador que utilize conosco da mesma indulgência que utilizamos com os outros, que nos perdoe na mesma proporção que perdoamos, que nos julgue com nossa própria balança. Em outras palavras, que não nos perdoe se não perdoamos aos nossos semelhantes.

          -Não nos deixeis cair em tentação;
           As tentações virão. Pedimos então que Deus nos dê uma forma de não cedermos a elas. Esta forma vem muitas vezes na forma de conselhos de amigos, mais velhos, lideres, ou na forma de “vozes” em nossa própria consciência, indicando o caminho certo a seguir. Se vamos ou não seguir, bom, isto é com nosso livre-arbítrio, mérito ou culpa inteiramente nossa.

          -Livrai-nos do mal;
          Auto-explicativo.

          -Amém.
          Por fim, a conclusão.
          Vem do grego, e significa “assim seja”. Ambas as expressões são comumente usadas.

          Na próxima vez que for recitar esta oração, faça-a lenta e calmamente, refletindo sobre o significado da cada frase, e nos compromissos que você estará assumindo.

          Uma dica: Evite fazer adendos, pois ela já é completa, e exercite orar de improviso, falando do que lhe vem no coração.
          Lembre-se, Deus o criou, e sabe dos seus pensamentos mais profundos. É seu Pai, o ama e quer seu bem. Não tenha receios de se abrir com Ele.

Um abraço fraterno.

Antonio Canhedo

quinta-feira, 30 de junho de 2011

O trabalho é a melhor terapia


          Alfredo não se sentia bem, acabara de discutir com sua esposa por um assunto banal. O assunto em si não constituía a causa da discussão, na realidade era a falta de recursos financeiros para sanar as contas que afeta os ânimos de qualquer um. E aquele não era um casal diferente. As vibrações ficam num baixo padrão e por qualquer motivo se discute, não raras vezes trocando ofensas e acusações que, depois com a cabeça fria, nenhum dos dois sabe por que falou. Mas agora já era tarde, Discutiram. Cada um foi para um canto da casa.
           Ele então foi para porta dos fundos, olhou para o quintal e viu o capim já alto, necessitando de capina. Tomou então de uma enxada velha e cega e avançou para cima do capim. Não foi criado no interior, não tinha intimidade com esta ferramenta, mas mesmo assim avançou. Os primeiros golpes foram com raiva, como se a pobre erva fosse a culpada de tudo. Arrancou mais torrões de terra de que capim, mas continuou avançando, continuando mentalmente a discussão que havia interrompido em casa. Depois de algum tempo os golpes se suavizaram e menos terra era arrancada deixando um rastro limpo até que razoável. A raiva passou para tristeza. Continuando a discussão mental, passou a enumerar as coisas boas e os sacrifícios que fazia em prol da família, e até mesmo para satisfazer alguns caprichos da companheira, e se julgava injustiçado, vítima até da falta de reconhecimento. Não que fosse um exemplo de homem, mas na sua concepção merecia um tratamento melhor e mais reconhecimento. As lágrimas começaram a escorrer pelo rosto. Olhou para traz para ver se a esposa estava na porta, depois olhou em volta para se certificar que nenhum vizinho assistia, não que tivesse vergonha de chorar, mas aquele era um momento seu.
          A área com capim diminuía aos poucos, e o terreno limpo atrás de si aumentava. Secou o rosto com a manga da camisa e continuou. Da discussão mental passou a reflexão sem perceber. Começou então a fazer um mea culpa, reconhecendo que, se a esposa fôra injusta em suas acusações, ele também tinha sua parcela de culpa de igual tamanho, talvez maior, que muitas vezes ele também não tinha ouvidos para as reclamações justas dela, também não compreendia os problemas dela como gostaria que ela compreendesse os seus, não parava para avaliar que esta situação era penosa para ela também. Começou a pedir mentalmente perdão a ela por tudo que havia feito e começou a planejar mudar seu comportamento, traçou até um plano para discutir com ela, quando a poeira abaixasse é claro, de como melhorar as finanças. A calma aos poucos retornou ao seu coração e o sentimento de raiva deu lugar a uma ternura dolorida por ter sido tão rude com ela, e as lágrimas novamente brotaram. Parecendo que como uma resposta, como se estivesse lendo seus pensamentos, ouviu a voz dela chamando da porta:
          -Amor, já está tarde. Entre, tome um banho enquanto eu termino a janta.
           Se deu conta então de que já estava escurecendo, olhou para traz, viu admirado o tamanho da área que havia limpado. Para quem não tinha prática na enxada até que era bem grande.
           -Já vou amor.
           Secou discretamente as lágrimas e entrou, indo direto para o chuveiro.
           Sentou-se a mesa e contemplou o jantar simples mas esmeradamente preparado. Ela havia até colocado sob a garrafa de água um paninho decorado. A ternura dolorida voltou ao peito, mas ele se controlou para não chorar, novamente não por vergonha, mas não queria correr o risco da esposa sentir algum tipo de constrangimento.
           Terminaram o jantar, ela lavou a louça, ele secou e guardou. Foram para a sala, assistiram o jornal e a novela. Terminada a programação, foram para o quarto, trocaram de roupa e se deitaram para dormir. Alfredo então abraçou a esposa, deu-lhe um beijo na cabeça, sentindo o suave perfume de seus cabelos e disse:
          -Te amo Amor, durma com Deus.
          -Também te amo, durma com Deus, ela respondeu.

                                                   *************************

           Nenhum de nós é tão herói a ponto de não se abalar com os problemas do dia a dia. Alguns são realmente grandes e pesados, outros são aumentados exageradamente por nós. Muitas vezes estes problemas de irritação nos levam a cometer desatinos. Partimos para a agressão física, ou nos entregamos ao álcool ou as drogas, ou as más companhias.
           Sempre que nos virmos em semelhantes situações, busquemos o recolhimento no trabalho e na reflexão. O trabalho é abençoado pelo Criador, e sempre que nos entregarmos a alguma atividade útil estaremos assistidos por Ele e por seus mensageiros, que nos socorrerão sem demora, semeando pensamentos construtivos e bons, de forma a nos reconduzir ao equilíbrio a reparação das nossas faltas.
           Lembre-se sempre que, o trabalho é a melhor terapia.

Um Abraço Fraterno
Antonio Canhedo

sábado, 25 de junho de 2011

Eu só queria ajudar...


Em um grupo escoteiro, durante a reunião semanal, o chefe reúne os meninos e pergunta:
-Qual foi a boa ação que vocês praticaram hoje?
O primeiro menino responde apressadamente:
-Eu ajudei uma velhinha a atravessar a rua.
-Muito bom. E você? Perguntou para o próximo.
-Eu ajudei ele a atravessar a velhinha.
-Muito bom, trabalharam juntos. E você? Perguntou para o próximo.
-Eu ajudei eles.
-Muito bom, trabalho de equipe.
E assim continuou perguntando de um por um, mas todos respondiam a mesma coisa: haviam ajudado a mesma velhinha a atravessar a rua.
O chefe então interrompe e pergunta, já meio sem paciência:
-Esperem um pouco, para que tanta gente para ajudar uma só velhinha a atravessar a rua?
-É por que ela não queria atravessar.

                                          **************************

Muitas vezes em nossa ânsia por ajudar ao próximo acabamos por atrapalhar, oferecendo uma ajuda errada.
Aprenda a observar primeiro, e na dúvida pergunte o que você pode fazer, ou então não faça nada. Principalmente, não dê conselhos. São o pior tipo de ajuda. O conselho que você dá invariavelmente só se encaixa em sua história de vida, que é diferente da história dos outros.
Suas intenções sem dúvida são boas, mas vá com calma.


Um Abraço Fraterno

Antonio Canhedo

Fazendo a sua parte

Creio que todos concordam que, nos dias de hoje, a falta de respeito ao semelhante, ao seu espaço e aos seus direitos atingiu um ponto insustentável, e quando parece que chegamos as raias da loucura, chegam notícias de que algo mais absurdo aconteceu. São filhos desrespeitando os pais, e se não respeitam os pais, muito menos os professores, pessoas tirando a vida de seu semelhante, não mais por um maço de cigarros, mas por falta do que fazer, crimes bárbaros, o poder publico, que deveria, por força da constituição, proteger o cidadão, pura e simplesmente se omitindo, e por aí vai.
Então nos perguntamos onde isto vai parar, quando deveríamos tentar entender qual a origem de tudo.
A raiz, caro leitor, assim como toda raiz, começa com sementes, não raras pequenas. Uma em particular é a mais importante: cada um fazer a sua parte.
Você provavelmente esta pensando: "-Eu faço a minha parte..."
Faz mesmo?
Então responda as seguintes perguntas:
*Você está em um ônibus, sentado, os acentos preferenciais estão ocupados por pessoas mais jovens que você. Entra uma senhora idosa. Você pensa: - Quem deveria dar o lugar são estes outros, que alem de serem mais jovens que eu, estão ocupando o lugar reservado. Ou você se levanta e dá o seu lugar?
*Você está em uma estrada, dia de sol, asfalto novo, até onde se vê não vem nenhum carro em sentido oposto, entra em um retão que deve ter uns 5 km, e, de cara, uma placa sinalizando que a velocidade máxima é de 60km/h. Você acelera e deixa o carro deslanchar, ou reduz para a velocidade permitida?
*Você faz uma compra e paga com dinheiro. O caixa te devolve o troco a mais, dez centavos apenas. Você devolve?
*Você tem os cabelos brancos, mais ainda falta muito para os 65. Na fila do banco, o caixa te chama para atendimento especial. Você fura a fila?
*Você respeita todos os sinais vermelhos no transito?
*Se você é fumante, você ensina para seus filhos que fumar faz mal?
*Você tem paciência com seus pais?
Pois é, caro leitor, estas são as sementes que geram as raízes dos grandes males. Achar que todos têm que cumprir seus deveres é muito fácil, mas cumprir os nossos, muitas vezes significa renunciar as nossas vontades, mas é o único caminho para termos uma vida em sociedade. O velho ditado de que o seu direito termina onde começa o do outro precisa ser mais do que nunca obedecido.
Quando você tolera pequenas sementes como as que eu mencionei acima, a sua tolerância vai aumentando, e um dia você vai achar normal tirar uma vida, chegando a acreditar que, sob certas justificativas, tudo pode. Acha que estou exagerando? Então me diga: Você é a favor da pena de morte?
Interessante não é? Matar é errado, mas em certos casos...
Hoje vemos nossos velhos desrespeitados e abandonados, velhos que quando jovens construíram uma sociedade onde, o que os velhos diziam era antiquado e o mundo era dos jovens.
Meus amigos, não esperem o mundo melhorar para começar a cumprir as regras. Acreditem na experiência dos mais velhos, respeitem o seu semelhante como você gostaria de ser respeitado. O mundo somos nós, a sociedade somos nós. Talvez você seja um beija-flor tentando apagar o incêndio, mas já imaginou um milhão de beija-flores atacando o incêndio, incentivados pelo exemplo de um.
Comece hoje, agora, dê o exemplo, e quem sabe, quando partir, alguém escreva: aqui jaz alguém que faz falta, porque plantou sementes boas.
Um abraço fraterno
Antonio Canhedo

sexta-feira, 24 de junho de 2011

A Dor não tem registro

          Quis a divina providência que não fossemos capazes de registrar a dor assim como fazemos com as alegrias. Esta dor nem sempre é física, aqui se incluem as dores morais, muitas vezes piores que a primeira.
          Um exemplo disto é que quando lembramos pequenas coisas boas somos capazes de sorrir com a mesma intensidade de quando elas aconteceram, mas as coisas que nos fizeram chorar, com o passar do tempo deixam de nos causar a mesma comoção, chegando por vezes a cair no esquecimento. Isto é para facilitar nossa capacidade de perdão.
          Mas vamos falar sobre o lado pratico da dor, que é a causa da dor, ou seja, nossos erros.
          A dor é um alarme de que cometemos um erro, nem sempre com relação imediata com a dor. Isto nos força a analisar a situação para definir a causa (o erro no caso) para elimina-la, cessando assim o efeito (a dor).
          Esta busca pela causa nos traz aprendizado, que será a alavanca do nosso progresso.
          Portanto, algumas regras nos ajudam a encontrar mais rápido a causa raiz da dor.
          A primeira é não perder tempo tentando achar um culpado, e nem punindo ninguém. Lembre-se que com o passar do tempo a sensação da dor diminui, diminuindo rapidamente a sua capacidade de definir a causa, e quando se esta com um problema o tempo pesa muito mais.
          A segunda é ter a consciência de que se a dor te atinge, você tem participação na causa. Não tenha a ilusão de que você está encrencado por azar  ou por castigo de Deus . Isto também é perder tempo.
          Partindo do princípio de que Deus é Justo, então ele jamais permitiria que alguém sofresse o que não é de sua responsabilidade. Tenha autocrítica.
          Localizada a causa, então você poderá analisa-la, extraído alguma lição, de forma a não repetir o mesmo erro.
          Você pode ir alem, exemplificando o aprendizado que extraiu, para que as pessoas que te rodeiam, te observando, possam evitar cometer os mesmos erros.
          Aí você já estará dando um passo a frente, acumulando, por assim dizer, bônus junto a Providencia.

          Este é um exercício que demanda tempo, e quanto mais cedo você começar, melhor.

Um Abraço Fraterno,

Antonio Canhedo

quinta-feira, 23 de junho de 2011

O Preconceito ao Preconceituoso

           O dicionário Aurélio define preconceito como sendo um conceito ou uma opinião formados antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos.          Vemos pessoas discriminando outras em função de diferenças, de aparência ou de conduta, ou de posicionamentos em relação aos mais diversos assuntos ou temas.
          É um consenso de que aquele que discrimina, o preconceituoso, é uma pessoa ignorante, mal intencionada. O preconceito é criminalizado, e o preconceituoso se torna merecedor de processos penais e até cadeia.
          Mas você já parou para observar que, antes de tudo é uma pessoa, falível como você, e que esta postura taxativa também é uma forma de preconceito? Isso mesmo: preconceito contra o preconceituoso.
          Você não o conhece, não conhece sua história de vida, não sabe o que o leva a agir assim, e automaticamente o aponta como merecedor de castigos, inclusive um dos piores, que é cercear o seu direito constitucional de expressar sua opinião.
          Não falo aqui da intolerância que se externa através da agressão, física ou moral. Falo do direito de todos nós, inclusive você caro leitor, de dizer que não aprova determinado comportamento, ou que não acha bonita determinada aparência.
          Você talvez esteja pensando: - Neste caso, guarde suas opiniões para você.
          Mas pensar e não poder dizer não é liberdade de expressão.
          Bom, isto é apenas aproveitamento da oportunidade de expor um argumento que merece reflexão.
          Quando comecei a escrever este artigo, minha intenção era discutir, ou melhor, levantar a questão de que ninguém se importa em entender o preconceituoso.
          Segundo o psicoterapeuta americano Carl Rogers, as pessoas não reagem negativamente em função do comportamento/aparência em si.
          Esta não é a causa, visto que nem todos reagem da mesma forma. A causa esta em como as pessoas se sentem diante do diferente, e aí atuam inúmeros fatores, geralmente inconscientes, tais como cultura, educação domestica e acadêmica, meio social e financeiro, e etc.
          É preciso ter em mente que não se escolhe ser preconceituoso. O preconceito existe em função da nossa historia de vida, que é tão variável quanto o numero de habitantes do planeta. Cada historia de vida é única, e nos leva a reagir de forma única diante das mesmas situações.
          É claro que várias pessoas nascidas, criadas e convivendo no mesmo meio, terão comportamentos e posicionamentos parecidos, mas nunca exatamente iguais, diferindo em nuances sutis.
          Os indivíduos que tem alguma orientação, posicionamento ou aparência diferente da maioria dos outros indivíduos do meio em que vive, quer, e muitas vezes exige, respeito a esta diferença, e normalmente se esquece de respeitar a posição da maioria. E neste circulo vicioso de cada um achar que seu direito tem prioridade sobre os direitos dos outros surge o embate, onde obviamente acaba vencendo a maioria.
          Lembremos que estes também tem o direito de ter sua opinião respeitada. O que temos de eliminar é a animosidade e não a liberdade de expressão.
          Taxar o preconceituoso de ignorante é desprezar a sua historia de vida. Afinal, quem de nós pode, em sã consciência, afirmar que nunca sentiu preconceito contra ninguém, que nunca julgou erradamente alguém que não conhecia?
          Penso que a melhor forma de tratar este problema, a exemplo de muitos outros problemas sociais, não é criminalização, é a informação, a conscientização e a livre discussão respeitosa.
          Respeito é uma via de duas mãos, e aqui também vale a regra de ouro de Hilel : "Faça aos outros aquilo que gostarias que te fizessem, trate aos outros como gostarias que te tratassem."


Um abraço fraterno,

Antonio Canhedo